Um dia depois da megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, na zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, a capital fluminense ainda vive em clima de tensão e reforço policial nas ruas.
Os transportes públicos funcionam normalmente, mas o número de passageiros é bem menor do que a rotina de uma quarta-feira. A circulação de carros nas ruas também é reduzida.
Universidades públicas e algumas escolas próximas à zona Norte suspenderam as aulas e unidades de saúde restringiram o atendimento, como relata o mecânico Haroldo Santana da Cruz.
"Eu tinha uma consulta marcada, por exemplo, aí não consegui chegar. Eu estou em tratamento já desde o início do ano e eu não posso parar esse tratamento. Tive um problema sério de pneumonia, diabetes eu tenho. E agora uma próxima consulta só sei lá quando. E aí eu tenho que parar remédio, que só com receita eu consigo pegar, porque é da Farmácia Popular do SUS."
O motorista de aplicativo Jefferson Silveira diz que voltou pra casa por falta de passageiros.
"Hoje o cenário está muito estranho. Saí para trabalhar por volta de umas 7h20 e fiquei uma hora e meia mais ou menos parado, sem passageiro, e acabei voltando para casa. O prejuízo é grande porque ficou um dia sem trabalho. Ontem parei um pouco mais cedo, hoje nem trabalhei."
Vitor Antunes, que também faz corridas em aplicativos, admitiu que está muito tenso para trabalhar.
"Ontem foi muito tenso, a gente sem conseguir rodar direito, sem poder transitar pela zona Norte. Hoje está calmo, a tensão fica meio naquela do que pode acontecer, se é que vai acontecer alguma coisa hoje novamente. O movimento está normal, porém, estranho. Poucas corridas por enquanto."
Já o produtor de eventos Pedro Ribeiro não conseguiu voltar pra casa na terça-feira (28).
"Ontem, devido ao caos no Rio de Janeiro, às operações policiais, não consegui nem voltar para casa. Fiquei monitorando durante o dia com os meus pais, com a minha esposa. Ruas fechadas, bloqueadas, bloqueio nas estradas. Deu medo de voltar para casa e não consegui. E acabou que eu tive que dormir fora de casa, dormi na casa de amigos para evitar o transtorno, evitar o risco de vida de voltar para casa."
A megaoperação dessa terça-feira cumpriu mais de 100 mandados de prisão de integrantes e lideranças da maior facção criminosa que atua no Rio de Janeiro e em vários outros estados.
Fonte: Radioagência Nacional