Rio Grande do Sul registra oitava morte por dengue em 2025

O Rio Grande do Sul registrou nesta terça-feira, dia 6, o oitavo óbito de dengue neste ano, em Cachoeira do Sul. Trata-se de uma pessoa de 87 anos, portadora de comorbidades e moradora do Bairro Soares, que se encontrava internada Hospital de Caridade e Beneficência (HCB).
De acordo com o painel de casos da Secretaria Estadual da Saúde (SES), o Estado já registrou 14.531 casos confirmados da doença. Os dados de casos confirmados podem apresentar defasagem, portanto, os números podem ser maiores. Os municípios mais afetados são liderados por Porto Alegre, com 6.380 casos confirmados, Viamão, com 3.723, Novo Hamburgo, com 1.258 e Alvorada, com 1.146. As outras mortes foram registradas nos municípios de Porto Alegre (3), Alvorada (2), Cachoeira do Sul e Viamão.
Porto Alegre
Segundo dados publicados no Boletim Epidemiológico publicado no dia 30 de abril, divulgados pela Diretoria de Vigilância em Saúde, até o final da semana epidemiológica 17, em 26 de abril deste ano, os bairros de Porto Alegre com maior incidência de dengue por 100 mil habitantes nas duas últimas semanas foram Jardim Itu e Jardim Sabará. O Eixo Baltazar, situado na zona norte da cidade e que abrange os bairros Costa e Silva, Jardim Itu, Jardim Leopoldina, Parque Santa Fé, Passo das Pedras e Rubem Berta, é o que mais registra casos confirmados, com 1.637 casos.
Nesta manhã, no Jardim Itu, agentes de combates à endemia estavam percorrendo as ruas para vistoriar residências e orientar moradores da região. Alice Corrêa, uma das agentes, afirmou que em todas as residências que visitaram naquela manhã, a maioria não apresentava focos. O que pode justificar o grande número de incidência de casos é, provavelmente, uma piscina escondida em uma residência. Alguns lugares abandonados, por exemplo, os agentes não conseguem adentrar. Ela diz que algumas pessoas também não atendem as equipes. “Tem casos que tem morador, a gente vê eles, mas não abrem”, diz Alice. Os agentes estão somando à equipe do Exército para auxiliar nas ações de combate à doença.
Segundo Tiago Fazolo, biólogo do núcleo de roedores e vetores da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, afirma que reservatórios, geralmente plásticos, copos e até uma própria sacolas de mercado podem acumular água e serem locais adequados para o mosquito proliferar. uma fêmea tem capacidade de colocar 250 ovos por vez, mas não coloca em um só local.
Considerando que um mosquito tem, em média, de 30 a 35 dias de vida, e consegue colocar ovos de quatro a cinco vezes, um mosquito pode deixar até 1.200 ovos em sua vida, soma Tiago. “Por isso é uma proliferação exponencial”, diz. As fases do ovo são de 2 a 3 dias, em que ele eclode e vira larva, depois de 2 a 3 dias vira a pupa e mais 2 dias o mosquito fica adulto.
Nesta segunda-feira, a sexta estrutura temporária para atender pacientes com suspeita de dengue em Porto Alegre foi inaugurada. A tenda de hidratação dentro do estacionamento do supermercado Stok Center, na avenida Manoel Elias no bairro Passo das Pedras, funciona das 8h às 22h, todos os dias, com atuação de cerca de 20 profissionais.
Novo Hamburgo
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Novo Hamburgo, o município registra 1.258 casos confirmados. A pasta destaca que, ano passado, na 18ª semana epidemiológica, havia 13.176 casos confirmados de dengue e 16 óbitos provocados pela doença.
Ainda, que a Vigilância em Saúde vem utilizando tecnologias disponíveis pelo Ministério da Saúde e intensificado ações de combate à doença. Entre as ações em andamento, destacam-se a manutenção das visitações domiciliares pelos Agentes de Endemias, com ampliação do número de imóveis vistoriados mensalmente, com foco na PVE (Pesquisa Vetorial Especial), aplicações de inseticidas nos Pontos Estratégicos, realização da Borrifação Residual Intradomiciliar (BRI), aplicação de inseticidas em escolas da rede municipal e unidades de saúde e disponibilização de testes rápidos NS1.
Alvorada
Em Alvorada, os bairros mais afetados são Jardim Aparecida, Piratini e Maringá. “Grande parte dos estudos que fizemos demonstrava grande participação e preocupação de infestação de mosquito dentro da residência das pessoas, e indicadores que poderiam estar os maiores indícios em vaso da planta, balde, vasilhame, que a pessoa acaba deixando escondido lá descartado”, diz o secretário municipal de saúde Jacson da Silva.
O município já atuou em mais de 21 mil visitas domiciliares de promoção à saúde e bloqueio de transmissão do mosquito, com aplicação de inseticida. Também, uma ação de “bota-fora contra dengue”, em bairros com maior indício para descartar utensílios que poderiam virar reservatórios de água. “Existe uma parte muito forte da gestão pública nesse sentido, mas a gente precisa ainda sensibilizar a população e fazer a sua parte dentro desse contexto”, disse o secretário, que também destaca que as ações devem ser compartilhadas, ou seja , não só da Secretaria de Saúde, mas também da população.
Ainda, quatro unidades de saúde – UBS Piratininga, UBS Jardim Algarve, Pam 8 e Campos Verdes – ampliaram o atendimento até às 20h para atender sintomáticos de dengue, e o Centro de Saúde da cidade está atendendo até meia-noite.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Viamão para tratar do aumento de casos na cidade. O espaço segue aberto.
A vacinação da dengue nos municípios segue suspensa pela falta de doses. A Secretaria Estadual da Saúde deve encaminhar novas doses para 61 municípios até o dia 8 de maio para que a vacinação seja retomada, e dará prioridade aos municípios que registram maior incidência de casos confirmados, como Porto Alegre, Viamão e Alvorada.
FONTE: Correio do Povo