Colheita da soja atinge 80% no RS e avança com apoio do clima seco
Evelise Oliveira Evelise Oliveira
Foto: Canva/Ilustrativa
A colheita da safra de verão 2024/2025 avança com intensidade na região Noroeste do Rio Grande do Sul, especialmente nos municípios vinculados à regional da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa. Segundo o Informativo Conjuntural divulgado nesta quinta-feira, 24 de abril 2025, aproximadamente 80% da área cultivada com soja já foi colhida. As lavouras restantes se encontram 17% em fase de maturação e 3% em enchimento de grãos. A estabilidade climática, marcada por dias secos e ensolarados, tem favorecido a continuidade da colheita e facilitado as operações logísticas.
A baixa umidade dos grãos colhidos, variando entre 12% e 13%, eliminou a necessidade de secagem artificial, acelerando o escoamento da produção, que havia sido prejudicado por chuvas no início de abril. Essa condição também tem sido propícia para a reserva de sementes, que apresentam bom potencial de qualidade, considerando a sanidade das lavouras e a secagem natural em campo.
Na região de Santa Rosa, onde predominam áreas mecanizadas e de agricultura empresarial, as produtividades variam de forma significativa, com médias oscilando entre 2.500 kg/ha e 3.600 kg/ha. A aplicação de fungicidas foi necessária em lavouras mais tardias, principalmente aquelas implantadas entre o fim de janeiro e início de fevereiro. Em áreas replantadas ou com baixa densidade de plantas, a dessecação tem sido intensificada, devido à incidência de plantas daninhas.
A colheita do milho ocorre de forma mais lenta e escalonada na região, com 89% das lavouras colhidas. A produção é fortemente direcionada ao consumo interno das propriedades, especialmente nas pequenas propriedades de base familiar. As lavouras tardias, que ainda se encontram em enchimento de grãos (4%) ou em maturação (7%), têm demonstrado bom potencial produtivo, beneficiadas por chuvas em momentos críticos do desenvolvimento e temperaturas amenas que favorecem o acúmulo de fotoassimilados.
Os produtores da região já iniciaram os preparativos para a safra 2025/2026, com a semeadura de coberturas vegetais como nabo forrageiro, visando à posterior dessecação. Observa-se preferência por cultivares precoces de milho, com tolerância à cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), como estratégia preventiva frente às condições fitossanitárias da região e à dinâmica de mercado.
No cultivo de milho para silagem, a colheita já alcança 88% da área plantada. O clima seco tem permitido que o teor de umidade da matéria verde fique entre 30% e 35%, faixa ideal para a fermentação e conservação da silagem. A secagem rápida tem reduzido perdas por fermentação secundária, melhorando a qualidade do material armazenado.
A colheita do arroz não é representativa na região de Santa Rosa, porém avança em outras áreas do Estado, atingindo 87% da área cultivada. No caso do feijão, a primeira safra foi concluída com produtividade média de 1.838 kg/ha, enquanto a segunda safra já apresenta 20% da área colhida. As demais lavouras estão distribuídas entre os estágios de maturação (22%), enchimento de grãos (38%), floração (12%) e desenvolvimento vegetativo (8%). A produtividade média da segunda safra gira em torno de 1.300 kg/ha.
Nas pastagens, observa-se a substituição gradual das espécies de verão pelas de inverno, como a aveia. O campo nativo e as pastagens perenes ainda fornecem forragem suficiente, mas a redução das chuvas tem estimulado práticas de conservação como a fenação e a produção de pré-secado. A demanda por sementes de forrageiras de inverno tem aumentado.
Na bovinocultura de leite, a transição das pastagens de verão para as de inverno está em andamento. A menor qualidade nutricional das pastagens em fim de ciclo tem sido compensada pela suplementação com ração concentrada. A infestação por carrapatos e moscas do berne permanece como preocupação sanitária. Na região de Santa Rosa, produtores intensificam ações preventivas e controle estratégico para evitar enfermidades como tristeza parasitária e carbúnculo sintomático, além de adquirirem insumos para a implantação das novas pastagens.
O cenário atual reflete um avanço técnico e logístico na condução da safra no Noroeste gaúcho, com atenção às condições climáticas e fitossanitárias, visando à manutenção da produtividade e da qualidade das culturas colhidas.
Fonte: Rádio São Luiz