11º Grito de Alerta reúne 6 mil produtores em São Luiz Gonzaga e se torna a maior manifestação pública dos últimos anos
Kelvin Morais Kelvin Morais
Grupo passou pelas principais ruas da cidade.
Foto: Kelvin Morais/Rádio São Luiz
São Luiz Gonzaga foi palco, nesta quarta-feira, 19, do 11º Grito de Alerta, o maior evento de manifestação pública da região nos últimos anos. Organizado pela Fetag, o ato mobilizou aproximadamente 6 mil produtores rurais de todas as regiões do Rio Grande do Sul, além de lideranças políticas, prefeitos, vereadores, cooperativas, agentes financeiros e entidades do setor agropecuário.
Desde as primeiras horas da manhã, caravanas de produtores chegaram à cidade, concentrando-se na Rua São João, no acesso principal, com dezenas de ônibus trazendo comitivas. Em um dos momentos simbólicos do ato, os manifestantes, acompanhados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), bloquearam por alguns minutos o trevo de acesso, chamando a atenção para as dificuldades enfrentadas pelos produtores, principalmente o endividamento causado por seguidas frustrações de safra nos últimos cinco anos.
Após o bloqueio simbólico, o grupo seguiu em marcha pela Rua São João, com diversas paradas estratégicas. Em frente ao Sicredi, foi realizada uma encenação para retratar as dificuldades financeiras vividas pelo produtor rural. Em seguida, em frente ao INSS, os manifestantes cobraram a redução do tempo de espera para perícias médicas, que hoje ultrapassam quatro meses. Também ocorreram atos em frente ao Banco do Brasil e ao Banrisul, simbolizando, respectivamente, a representação do governo federal e estadual no município.
Durante toda a caminhada, lideranças se revezavam em um caminhão de som, reforçando a importância da mobilização e explicando à comunidade que a crise no campo afeta diretamente a economia urbana e a segurança alimentar.
A Rádio São Luiz, com Luiz Oneide e Evelise Oliveira, realizou a cobertura completa do evento, transmitindo ao vivo pelos 100.9 FM e em imagens pelas redes sociais. Ao microfone, diversas lideranças expressaram suas preocupações.
O presidente da Regional Missões II, Márcio Langer, destacou que os efeitos climáticos têm impactado gravemente a produção agrícola e pecuária, levando os produtores a uma situação de endividamento contínuo. “Estamos vivendo uma sequência de prorrogações e renegociações, mas o campo precisa de um compasso de espera e, principalmente, de um fôlego para negociar”, frisou. Márcio também salientou a necessidade do fortalecimento do Proagro e de soluções concretas para os problemas de perícia enfrentados pelos trabalhadores rurais.
Rafael Dalenogare, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Luiz Gonzaga e Rolador, reforçou a relevância do ato. “O Grito nasceu aqui em São Luiz e hoje chegamos à 11ª edição. É fundamental que a mobilização tenha eco em Brasília para que medidas concretas cheguem ao agricultor, especialmente diante da grave estiagem”, afirmou.
Uma das manifestações mais contundentes foi a do presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva. Ele criticou a falta de resposta do governo federal às reivindicações. “Até agora, não tivemos retorno para nenhuma das nossas pautas. Precisamos de políticas eficazes, com alongamento das dívidas por até 20 anos e juros compatíveis com a realidade dos agricultores. Além disso, é inadmissível que produtores esperem quatro meses por uma perícia médica”, disse.
Carlos Joel ressaltou que o movimento une as principais entidades do setor agropecuário, como Farsul, Fecoagro, Ocergs, Aprosoja e Acerva. Ele fez um apelo à bancada federal gaúcha para que se engaje na busca por soluções e não descartou ações mais contundentes caso não haja avanço. “Se não houver retorno, vamos subir o tom das manifestações, podendo chegar ao fechamento de estradas ou ocupação de espaços públicos”, alertou.
O evento contou com grande aparato logístico e apoio da Brigada Militar, que avaliou de forma positiva o andamento da manifestação. Segundo o Major Brum, o ato ocorreu de forma ordeira, sem incidentes, graças ao planejamento e ao diálogo entre organizadores e forças de segurança.
O encerramento ocorreu na Praça da Matriz, onde lideranças reiteraram a gravidade da situação enfrentada pelo campo e reforçaram que, se necessário, novas mobilizações serão organizadas com maior intensidade.
Fonte: Rádio São Luiz