Lula quer mudanças, e aliados defendem reforma ministerial para ampliar base no Congresso e apoio para 2026
Presidente já sinalizou que deseja fazer correções na comunicação do governo, área de responsabilidade da Secretaria de Comunicação
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Auxiliares diretos e políticos de partidos que apoiam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriram o ano com a expectativa de uma reforma ministerial.
O petista deu início no final de 2024 às discussões – e, em consequência, a especulações – para definir a equipe que comandará o primeiro escalão do governo na metade final deste mandato. Até o momento, o presidente não anunciou quais mudanças quer fazer neste ano no comando de ministérios.
Mas Lula já afirmou que pretende fazer ajustes e tem recebido recados de partidos aliados que desejam mais espaços de poder e de controle do orçamento dentro do governo.
Aliados do presidente acreditam que as trocas possam ser definidas até fevereiro, após o fim do recesso parlamentar do Congresso Nacional. Contudo, não arriscam cravar datas, já que o presidente demonstra, neste mandato, que não gosta de ser pressionado e costuma postergar decisões deste tipo.
Por ora, segundo interlocutores, Lula avalia possibilidades e colhe impressões a respeito dos impactos de alterações que visam: fortalecer a base do governo na Câmara dos Deputados e no Senado; atrair partidos para a chapa do PT nas eleições de 2026, onde Lula pode disputar a reeleição e melhorar a execução de projetos e programas do governo federal.
Comunicação
A mudança que aliados de Lula consideram mais próxima de se concretizar é na Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), responsável pela assessoria de imprensa, redes sociais e publicidade do governo.
O presidente já anunciou que deseja corrigir problemas na comunicação e pode substituir Paulo Pimenta (PT-RS) por Sidônio Palmeira, marqueteiro da campanha do petista em 2022.
Sidônio dá conselhos para Lula desde o começo do governo, porém reforçou sua presença em Brasília a partir de novembro, com participação direta no anúncio do pacote de corte de gastos, no pronunciamento de Natal do presidente e na campanha publicitária de fim de ano.
Caso a troca seja efetivada, Lula terá de decidir o futuro de Pimenta, que pode retornar ao mandato de deputado federal ou ser deslocado para outro cargo. Uma possibilidade especulada é nomear Pimenta para a Secretaria-Geral da Presidência, que faz o diálogo do governo com movimentos sociais. O atual ministro é o ex-deputado Márcio Macêdo (PT-SE), tesoureiro na campanha de 2022.
Congresso e alianças para 2026
Partidos do Centrão têm interesse em mais espaço na Esplanada. O PSD já comunicou ao Planalto que está insatisfeito com os três ministérios que comanda, em especial o da Pesca, comandado pelo deputado André de Paula (PSD-PE), cuja indicação contempla os deputados do partido.
Os senadores apadrinharam as indicações do senador Carlos Fávaro (PSD-MT), que comanda a Agricultura, e do ex-senador Alexandre Silveira, do diretório mineiro da sigla, que é ministro de Minas e Energia.
Os deputados do PSD desejam ter um representante em um ministério com maior orçamento, mesmo desejo de bancadas do União Brasil, PP, MDB e Republicanos. Os partidos do Centrão cobiçam desde o começo do governo pastas como Saúde, cuja ministra é Nísia Trindade, ex-presidente da Fiocruz.
Espaço do PT
Parlamentares de partidos da base também entendem que o espaço do PT no comando de ministérios está superestimado diante do tamanho das bancadas na Câmara, que é de 67 dos 513 deputados, e Senado, onde o partido tem nove dos 81 senadores.
O Centrão avalia que é possível herdar parte dos 12 ministérios comandados pelo partido de Lula. Parlamentares defendem que a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), que cuida da articulação com o Congresso, seja chefiada por um nome do Centrão.
O ministro atual é Alexandre Padilha (PT-SP), deputado licenciado e nome de confiança do presidente. Padilha é um nome citado para eventualmente substituir Nísia Trindade na Saúde.
Fonte. Agência Brasil e O Sul.