Bombeiro da região das Missões descreve desafios do combate às queimadas no Pantanal e Cerrado
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Publicado em 30/09/2024

Bombeiro da região das Missões descreve desafios do combate às queimadas no Pantanal e Cerrado

Micael Olegario

Fogo afeta biodiversidade de fauna e flora dos biomas –
Foto: Divulgação/CBMRS

Bombeiros da região das Missões estão atuando no combate aos incêndios que atingem o Pantanal e o Cerrado brasileiro no estado do Mato Grosso do Sul. Em entrevista, o major Silvano Oliveira Rodrigues, do 11° BBM de Santo Ângelo, relata os desafios que os profissionais enfrentam para controlar o fogo que se espalha por grandes extensões dos dois biomas. Segundo ele, em determinados momentos das operações,  a sensação térmica chega a 47°C, com umidade relativa do ar de 10%, condições extremas.

A temporada de queimadas na região do Pantanal e Cerrado têm sido intensificada pela seca extrema que atinge grande parte do país. Em algumas localidades, não chove a mais de 160 dias. A situação tem feito com que rios atinjam mínimas históricas. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), relacionam o aumento dos dias consecutivos sem chuva e das ondas de calor com a intensificação do aquecimento global e das mudanças climáticas, além dos efeitos de fenômenos naturais como o El Niño.

Também presidente da Câmara Técnica de Incêndios Florestais do Rio Grande do Sul, Silvano Oliveira descreve as ações na região como um complexo “jogo de xadrez”, dada a dinâmica dos incêndios e da região, com muitas áreas de difícil acesso. “Nessas condições não tem como atuar só na parte física. Então a gente usa muito satélite, hoje eu trabalho com a plataforma da NASA, ainda com o apoio dos drones para mapear e trabalhar com fogo, pegando linhas de 40 a 50 quilômetros de fogo. Então é um trabalho bastante árduo”, explica o bombeiro.

Ainda de acordo com o major, a mobilização de profissionais da região começou ainda em agosto, com equipes de 15 a 20 bombeiros atuando no Mato Grosso do Sul. Um dos desafios apontados por ele ao falar sobre o trabalho de combate ao fogo é com relação às distâncias entre as cidades, o que dificulta a comunicação com a população local.

Na entrevista, Silvano Oliveira destaca que o episódio atual das queimadas no Pantanal e Cerrado está inserido em um contexto climático global. Como exemplo, ele menciona as fumaças dos incêndios florestais que causaram a degradação da qualidade do ar em todo o Rio Grande do Sul.

“A temperatura e o nível dos oceanos aumentando, isso é gradual, só que os efeitos, os acontecimentos disso são exponenciais. Não conseguimos medir o que vai acontecer, se vai acontecer uma micro explosão ali, se vai acontecer uma potencialização das queimadas. Não conseguimos ter sossego, toda chuva que vem parece uma tormenta”, afirma o bombeiro militar.

Dados do Ministério de Meio Ambiente (MMA) indicam que as queimadas já consumiram 12,7% do Pantanal, 5,4% do Cerrado, conforme levantamento de 1° de janeiro a 15 de setembro deste ano. No Pantanal, foram 1.930.975 hectares atingidos pelas chamas e, no Cerrado, 10.793.125 hectares. A Amazônia, outro importante bioma brasileiro, também tem enfrentado incêndios que já chegaram a 9.686.750 hectares. A Polícia Federal (PF) abriu diferentes inquéritos para apurar ações criminosas e crimes ambientais ligados às queimadas.

Estiagem severa e queimadas criminosas agravam problema – Foto: Divulgação/CBMRS

Fonte: Rádio São Luiz

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