Episódio 49 – Problemas nos Cabildos indígenas? 2 Antonio, vimos no episódio anterior que o poder civil, nos povoados 3 missioneiros, era exercido pelo Cabildo. Hoje veremos que a relação dos 4 missionários com os cabildantes nem sempre foi das melhores! O que você 5 tem a nos dizer a respeito? 6 Marisa, eu te convido a analisarmos juntos alguns fatos narrados na 7 documentação jesuítica que indicam exatamente o que falaste. O primeiro fato 8 teria acontecido em 1661 nas reduções das frentes missionárias do Paraná e do 9 Uruguai. No relato missionário, cinco reduções estavam alvoroçadas porque um 10 cabildante, de nome Pedro Mbaiugua, após uma ajuda militar realizada a Buenos 11 Aires, recebeu do Governador a patente de Capitão, e, na volta à Redução, 12 passou a requerer poder temporal condizente com o título, rivalizando com os 13 padres, principalmente no tocante à competência de imprimir castigos aos 14 faltosos. O relato mostra que ele descumpria as ordens que os padres davam 15 sobre os castigos a serem executados, negando-se a açoitar os outros 16 indígenas, argumentando que os motivos elencados pelos religiosos não 17 constituíam matéria suficiente para a realização de açoitamentos. Inversamente 18 a este comportamento, o mesmo Mbaiugua teria mandado castigar pessoas – 19 virtuosíssimas na visão do padre –, sem o consentimento do missionário. As 20 relações tornaram-se mais tensas quando o cabildante sugeriu separar o poder 21 temporal do espiritual, devendo os religiosos ficarem somente com o último. A 22 forma encontrada pelos padres para resolver o problema foi castigar e desterrar 23 os faltosos, além de definir que daí por diante a troca dos capitães das reduções 24 aconteceria no máximo a cada dois anos. 25 Mas, os cabildantes não eram escolhidos para as funções públicas 26 exatamente porque possuíam, na visão dos missionários, comportamento 27 exemplar?