RICARDO COMASSETO FALA SOBRE O LANÇAMENTO DE TERRUNHO #2 . MAIS INFORMAÇOÈS EM NOTÍCIAS DO NOSSO SITE E AS MUSICAS VC OUVE NA RADIO WEB CADEIRA CATIVA EM NOSSO APLICATIVO.
Ricardo Comassetto, que há anos saiu de seu rincão missioneiro de São Luiz Gonzaga levando no más a sua cordeona, para com esse instrumento alcançar cada pago por donde ronde a sonoridade que identifica o gaúcho, conclui, agora, importante etapa dessa trajetória ao lançar o seu segundo álbum, denominado Terrunho. E, afinal, o que de maior valor poderia desejar um artista da cordeona de botão, que tem em seu espírito a misteriosa magia das Missões, do que ser terrunho? É claro que, neste caso, ser terrunho não é apenas estar fixado – seja física ou psicologicamente – na própria querência, mas, sim, levá-la de alguma forma mundo afora, dentro do coração ou dentro da cordeona, o que, no caso de um gaiteiro, é praticamente o mesmo. Por outro lado, sabido é que o universo musical – e artístico, como um todo – que tem o gaúcho como elemento principal bandeia fronteiras, intercala idiomas, empresta inspirações. Por isso, fatalmente, um músico terrunho desse universo terá um pouquito das nuances folclóricas de cada paragem que compõe o seu inventário sonoro. Assim é, afinal, o gaúcho desde sempre: arreando chimarrões, formando tropas, carreteando ou sendo a própria linha de cada fronteira. Se não “cruzou o mundo”, cruzou, ao menos, o seu próprio mundo. Inclusive, muitas vezes, com a cordeona como companheira, como cantou Aureliano de Figueiredo Pinto em seu “Gaiteiro Negro”: “Ah! Gaita quebra e baiquara de quanta Revolução! outra ou tu, rolando mundo nas Missões, no Passo Fundo, na Vacaria e o Aceguá. Tocando ‘degavarzito’ nos plainos de Dom Pedrito, nos cerros do Caverá”. Desta forma também vive o artista vinculado ao cenário em que se insere Ricardo Comassetto, andando por rincões diversos, recolhendo de cada um deles o que pode somar à sua identidade, reforçar em sua característica. Por isso, o presente trabalho reafirma suas intenções quando reúne composições, autores, músicos e intérpretes que apontam para as variadas referências que, unidas à pureza que carregou das Missões, o formam como um dos principais representantes da cordeona de botão do Rio Grande do Sul atualmente, compondo e interpretando, ao seu modo, temas apegados a diferentes vertentes sonoras, porém todos reunidos de forma coerente neste repertório, identificados com a sua proposta. Uma destas outras cordeonas que o Gaiteiro Negro de Aureliano menciona, que ande “rolando mundo”, bem pode ser, hoje, a de Ricardo Comassetto; mas sempre carregando um tanto da própria querência, expressando diferentes influencias com o seu próprio sotaque e mantendo o caráter terrunho que é sinuelo deste gaiteiro que, justamente por isso, neste álbum, parece que alcança o céu de cada melodia sem sacar a sola da alpargata do piso de um rancho missioneiro. Francisco Brasil, Bagé e janeiro de 2024
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