OS 4 TROCOS MISSIONEIROS.
DIVERSIDADE
Publicado em 20/02/2024

JUSTIFICATIVA

 

A proposta legislativa que ora encaminho visa reconhecer os QUATRO TRONCOS

MISSIONEIROS – representados pelos músicos CENAIR MAICÁ, JAYME CAETANO BRAUN, NOEL

GUARANY e PEDRO ORTAÇA – como de relevante interesse cultural, artístico e histórico do Estado do

Rio Grande do Sul.

Os quatro músicos em questão são oriundos da Região das Missões e, ao longo das suas exitosas e

relevantes carreiras no cenário cultural gaúcho, levaram o nome do nosso Estado e da região missioneira por

todos os locais em que se apresentaram.

As suas produções fonográficas são de tamanha importância para a perpetuação da identidade

musical missioneira pelo fato de que envolvem a manutenção das tradições gaúchas através da

demonstração de amor ao nosso chão, promovendo o respeito e a interação com as culturas locais, inclusive

com os indígenas que, até os dias de hoje, habitam as Missões.

Encontram-se, nestes artistas, quatro escolas musicais que possuem, cada uma delas, o seu estilo

próprio de cantar o cancioneiro guaranítico, representando um verdadeiro divisor de águas na música

nativista gaúcha.

Os QUATRO TRONCOS MISSIONEIROS foram a junção desses quatro amigos que, no ano de

1960, se reuniram para cantar a sua terra e a sua gente, assim como as injustiças sociais que presenciavam e

o passado guaranítico que os enchia de orgulho.

Ao lançarem o disco “Troncos Missioneiros”, os amigos Cenair Maicá, Noel Guarany, Pedro Ortaça

e Jayme Caetano Braun deixaram como legado a construção da identidade musical missioneira, com o

objetivo colocar o território missioneiro no quadro do cenário musical gaúcho. Essa produção,

representando a memória dos povos indígenas, encontrou nos poetas e payadores os seus maiores

divulgadores, ao escreverem epopeias, lendas e canções.

Cumpre descrever quem eram os QUATRO TRONCOS MISSIONEIROS:

- CENAIR MAICÁ: Nascido em 03 de maio de 1947 na cidade de Tucunduva, criou-se no meio dos

balseiros e pescadores. Quando criança morou na Argentina, onde teve os seus primeiros contatos com a

arte. Ao retornar para o Brasil, por volta dos 10 anos de idade, começou a acompanhar o irmão em algumas

apresentações na Rádio Sulina de Santa Rosa. Foi ali o início da trajetória da dupla. Já em 1969, Cenair se

identificou com aquele que viria a se tornar um dos seus grandes parceiros artísticos, Noel Fabrício Borges

do Canto e Silva, o Noel Guarany. No ano seguinte ambos foram para a Argentina, onde se apresentaram

em Festivais e programas de rádio. A obra de Cenair Maicá está registrada em um compacto duplo, gravado

em 1970, além de uma coletânea lançada em gravadora no ano de 1987 e do disco “Troncos Missioneiros”

(1989), logo após o seu falecimento.

- JAIME CAETANO BRAUN: Nascido em 30 de janeiro de 1924 na cidade de São Luiz Gonzaga,

foi considerado um ícone da payada e um verdadeiro autodidata no que se refere à cultura gaúcha. Ele foi

membro e um dos fundadores da Academia Nativista Estância da Poesia Crioula. Trabalhou publicando

poesias em jornais e rádios. Também foi funcionário público. Quanto às suas obras, lançou inúmeros livros

e discos. O ano em curso marca a celebração do centenário de Jayme Caetano Braun.

- NOEL GUARANY: Nascido em 26 de dezembro de 1941 na cidade de Bossoroca, foi criado nas

cidades de Garruchos e de São Luiz Gonzaga. Trabalhou como balseiro, lenhador, tarefeiro de mate e

radialista. Por conta da sua descendência indígena aprendeu a língua guarani e adquiriu conhecimentos da

cultura. Também era autodidata. Aprendeu a tocar, cantar e compor sozinho. Aos 15 anos de idade aprendeu

a tocar acordeon e aos 16 anos violão. A partir dos Anos 60 percorreu a América Latina. Suas obras não são

consideradas somente inspirações poéticas, mas também o resultado de pesquisas e de conversas com os

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indígenas e os violonistas com mais anos de estrada do que ele. Iniciou a sua carreira tocando em bailes de

São Luiz Gonzaga, percorrendo, com o seu canto, o continente americano, onde adquiriu uma vasta

experiência, tendo lançado inúmeros discos em sua carreira.

- PEDRO ORTAÇA: Nascido em 29 de junho de 1942 na cidade de São Luiz Gonzaga, aprendeu a

tocar com os seus pais que animavam bailes na região. Ao longo de sua carreira possui mais de 120 músicas

de sua autoria, 7 discos gravados, 12 CDs e 1 DVD. Coleciona várias homenagens, dentre as quais o título

de Mestre das Culturas Populares Brasileiras, o Prêmio Humberto Maracanã (Ministério da Cultura), o

Troféu Teixerinha (Assembleia Legislativa Gaúcha), o Troféu Guri (RBS TV) e a Medalha do Mérito

Farroupilha (maior honraria concedida pelo Parlamento Gaúcho). É membro honorário da Força Aérea

Brasileira por indicação da Base Aérea de Santa Maria. Foi o único artista gaúcho convidado oficialmente

para cantar na posse de um Presidente da República, bem como o único a gravar dentro do Sítio

Arqueológico das Ruínas de São Miguel. Pedro Ortaça ainda está em atividade, cantando com os filhos

Alberto, Gabriel e Marianita, levando a identidade missioneira por todos os lugares.

Os QUATRO TRONCOS MISSIONEIROS foram o cerne de onde partiram as ramificações que

preservam, reconstroem e atualizam a identidade missioneira. A construção de uma música missioneira

parte de algumas influências que merecem destaque, como raízes que deram sustentação ao cerne, seguindo

a linhagem desses Quatro Troncos.

Além de fomentar a música da Região das Missões, o principal legado dos Troncos Missioneiros

está no pioneirismo da construção de uma identidade cultural própria através da música. Partindo disso, a

proposição de fazer com que os QUATRO TRONCOS MISSIONEIROS sejam reconhecidos, de forma

efetiva, como relevantes no contexto histórico, artístico e cultural de nossa terra visa, sobretudo, à

valorização do legado desses ícones da música gaúcha, brasileira e latino-americana.

Por tais razões é que conto com o apoio dos nobres colegas para a aprovação deste Projeto de Lei.

 

Sala das Sessões, em 14 de fevereiro de 2024.

 

Deputado(a) Professor Issur Koch

FONTE . GABRIEL ORTAÇA.

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