Episódio 13 Por dentro do relato da Batalha de Mbororé
EPISÓDIO 13– Por dentro do relato da Batalha de Mbororé
Antonio, qual é o assunto do episódio de hoje?
Buenas, eu quero te convidar a acompanhar comigo o relato da Batalha de
Mbororé feito por um jesuíta que estava no calor dos embates, o padre Cláudio
Ruyer.
Como vimos no episódio anterior, os povoados missioneiros estavam
preparados militarmente para enfrentar os bandeirantes na Batalha de
Mbororé. Como isso foi possível? De onde eles conseguiram informações
sobre o inimigo que se aproximava?
Os tempos eram outros, mas tanto os indígenas quanto os povoados
missioneiros se comunicavam entre si. E a forma mais eficiente encontrada pelos
jesuítas, muitos deles com experiência em estratégia militar antes de entrar na
Companhia e outros que já tinha passado pela triste experiência de verem seus
povoados atacados pelos luso-brasileiros para saber de quando, foi estudar
como e por onde chegariam. Eles sabiam dos planos dos bandeirantes em atacar
e destruir as reduções e se prepararam para isso, armando e treinando os
indígenas missioneiros, mas também colocando espiões e sentinelas num amplo
espaço, principalmente no curso do rio Uruguai. Mas foram igualmente
auxiliados pela sorte, pois em dezembro e janeiro de 1641 aconteceu uma
grande enchente, o rio subiu e levou consigo mais de cem canoas recém
esculpidas pelos inimigos, algumas cheias de flechas e alimentos. Isso deu a
certeza de que eles estariam chegando. Assim, em 8 de janeiro, o padre Cláudio
chegou em Acaraguá com 2 dois mil guerreiros missioneiros de várias reduções
para esperar os bandeirantes. Os missionários, para ter certeza do que estava
acontecendo, enviaram rio acima os Padres Cristóbal de Altamirano, Diego de
Salazar, Antonio de Alarcón e o Irmão Pedro de Sardoni, com um bom número
de soldados, com ordens para obtivessem informações sobre o inimigo e seus
planos, e se surgisse alguma boa oportunidade de ataca-lo, que, não a
deixassem escapar.
Isso quer dizer que os missionários participaram do campo de batalha?
Sim, no dia 09 de março, por exemplo, na luta acontecia em pleno Rio Uruguai,
depois que o Capitão Guarani Ignacio Abiaru, com apenas quinze canoas,
atacou mais de cinquenta portuguesas por mais de duas horas, obtendo grande
sucesso na luta, ouça o que escreveu o padre Ruyer sobre o que aconteceu na
sequência: “chegou o Padre Altamirano, encorajando novamente os índios, que,
animados, investiram contra o inimigo e o fizeram fugir vergonhosamente por
mais de oito quadras, e saltaram em terra, recusando-se a lutar mais, embora
provocados e instigados vigorosamente pelos nossos. Nesse momento,
chegaram mais três bandeiras do inimigo, e vendo o grande poder que traziam,
o Padre retirou os índios contra a vontade deles, pois embora fossem poucos,
estavam dispostos a morrer pela Pátria e pela fé. O Padre os levou todos para
Borore sem que houvesse feridos ou qualquer incidente que temíamos muito,
pois choviam flechas e balas como granizo sobre os nossos, mas sem causar
dano algum”.
O relato do padre Cláudio Ruyer mistura fé e guerra. Como ele trata dessas
duas coisas?
O padre Ruyer escreve que, na mesma batalha do dia 09 de março, a vitória
alcançada foi possibilitada por São Francisco Xavier. Assim diz ele: “um
mosqueteiro nosso disparou, e guiando a bala São Francisco Xavier, atingiu um
português na coxa, quebrando-a e o derrubando na água; outro de outra canoa
atirou em outro português na lateral e o derrubou; outro com uma bala de
mosquete de perto eliminou uma canoa de inimigos.”
Na sequência eles desceram pelo rio até Mbororé e, como era costume,
enquanto o inimigo não chegava, os padres confessaram os guerreiros para
prepara-los para a morte, caso acontecesse. Diz o padre Ruyer: “Nesse
exercício, os Padres gastaram sábado e domingo até segunda-feira, por volta
das duas da tarde, jejuando rigorosamente, comendo apenas uma refeição leve
ao meio-dia, pois era necessário cuidar de tantas coisas e ajudar as almas e os
corpos de seus filhos, já que disso dependia o bem e o crescimento deles,
dedicando-se com toda diligência a organizar a gente e os recursos para a
batalha, pois do sucesso dela dependia a conservação de todas as Reduções.”
Sei que o tempo é curto, mas o que mais escreveu o missionário sobre a
Batalha?
O relato do padre é rico em detalhes! Mas, resumindo, eu diria que ele mostra o
cotidiano de 8 dias de luta e depois a perseguição pela mata que o missioneiros
fizeram aos derrotados. Inclusive, vários dos Tupis e de outros indígenas que
acompanhavam os bandeirantes se uniram, ao final, às missões jesuíticas. Mas
um caso que chama a atenção é o fato dos bandeirantes terem levantado
bandeira banca em dois momentos, além de terem enviado uma carta aos
missionários tentando encerrar a luta. Até
o próximo! Aguyjevete! ObrigadO
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